A percepção do universo captada pela ordinária visão de um jornalista terráqueo

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Wadafuck?! [2]

Wadafuck?!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O começo de minhas pesquisas sobre energia nuclear

Energia nuclear é um assunto pra lá de polêmico. Existem estudiosos da causa capazes de afirmar com convicção que este tipo de energia é suja. Assim como outros, tão estudiosos quanto, que afirmam se tratar de energia limpa. Mas, afinal de contas, a energia nuclear é suja ou limpa?

Tal indagação, aliada ao licenciamento prévio concedido pelo Ibama a Eletronuclear para retomada das obras de Angra 3, motivou-me dar um pontapé inicial a uma reportagem abordando os prós e contras dessa fonte de energia.

Curioso é que o assunto energia nuclear vem, de certa forma, rodeando-me há algum tempo. A maioria dos poucos (mas valiosos) leitores desse blog sabe que sou colaborador e voluntário do Greenpeace. No ano passado fiz três vídeos com a entidade, quando ainda estava mais ativo por lá. Um sobre clima e outros dois sobre energia nuclear (eis aqui um e outro).

Diante deste fato, foi inevitável que passasse pela cabeça: como elaborar uma investigação cuidadosa sobre este assunto sem que o fator 'Greenpeace' influenciasse tanto?

Resolvi, então, começar minhas pesquisas pelo outro lado da moeda. Achei que era necessário primeiro conhecer o funcionamento de uma usina nuclear e seus processos antes de me aprofundar mais no assunto. E conhecer significava ver de perto, com meus próprios olhos.

Fiquei duas semanas tentando marcar uma visita `a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto. Não foi fácil e por um momento achei que teria que mudar de estratégia. Eles alegavam que ficava difícil disponibilizar um engenheiro para me acompanhar sendo que eu estava fazendo uma reportagem de forma autônoma e sem um veículo pré-definido para publicação.

Até que decidi utilizar minha última carta, devidamente guardada na manga à espera do momento certo. E era um "zap": "o negócio é o seguinte, já falei com o Greenpeace e eles pronunciaram coisas terríveis sobre energia nuclear e algumas práticas da Eletronuclear. Vou vender esta matéria conversando ou não com vocês".

Não deu outra, na segunda-feira passada, Jaime Ferreira, assessor de imprensa da Eletronuclear, me ligou agendando a visita. Não sei se a intenção foi dificultar, mas, mesmo sabendo que eu vinha de São Paulo, marcaram minha ida à Angra dois dias depois da ligação, numa quarta-feira - meio de semana - com horário de chegada às 10 horas da manhã. Entretanto, topei sem titubear.

Na quarta, acordei às 4 horas da madrugada e a viagem foi outro episódio em si, que relatarei com detalhes na reportagem. Ao contrário da dificuldade em agenda a visita, lá fui muitíssimo bem recebido e todos os acessos foram facilitados, tanto com relação às perguntas como às fotos. Conheci, entre outras coisas, a usina de Angra 2, o depósito de rejeitos de baixa e média radioatividade, o canteiro de obras de Angra 3, o galpão onde estão guardadas há cerca de 20 anos as peças da obra embargada e o laboratório de monitoramento ambiental.

O engenheiro que me acompanhou na visita, Francisco Vilhena, conseguiu esclarecer, com extrema paciência, muitas das minhas dúvidas com relação ao processo de produção de energia de uma usina nuclear. Desde a extração e enriquecimento do urânio até o seu bombardeamento com elétrons para produzir a fissão nuclear dentro do reator, reação em cadeia que proporciona o calor que, por sua vez, aquece a água e gera o vapor que aciona as turbinas da usina, criando, assim, a energia que abastece as cidades (tudo isso será explicado com mais detalhes na reportagem).

Terminei a visita com a sensação de ter obtido êxito com relação à importante idéia de desenvolver uma reportagem desprovida de valores pré-estabelecidos. Veja bem, não que eu acredite em jornalismo imparcial. E, de fato, não acredito, mas acho fundamental uma investigação cética.

Se era uma boa imagem que a Eletronuclear queria passar, ela conseguiu. Claro que com ressalvas. De forma alguma as minhas questões com relação ao asseio e integridade da energia nuclear foram resolvidas. Até porque isso é só o começo. Tenho uma lista enorme de fontes fundamentais a serem apuradas na matéria.

O próximo passo é conversar com Rebeca Lerer, responsável pela campanha Nuclear do Greenpeace, que, a propósito, nao está respondendo meus e-mails. Mas não tem problema. Caso julgue necessário, tenho uma carta na manga para ela também.

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Em tempo: fui convidado pela Presidente do recém nascido Institudo RAM de Reeducação Ambiental, Lisiane Braga, para fazer parte do grupo sócio fundador da entidade e colaborar com ações em comunicação. Aceitei com muito orgulho.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Oito coisas que gostaria de fazer antes do Sr. Morte bater na porta

Faz algum tempo que ouço falar em memes, mas, por dois motivos, nunca havia participado de nenhum: primeiro porque nunca tinha sido convidado; segundo porque nunca tinha tomado a iniciativa de elaborar um. Para quem ainda não sabe, na blogosfera, meme é um tipo de corrente bem parecida com a antiga brincadeira do caderno (coisa de quem fez colegial nos anos 1990), em que perguntas e idéias que giram em torno de um mesmo tópico são passadas de mão em mão.

O termo meme, inventado por Richard Dawkins no seu bestseller O gene egoísta, quer dizer a unidade mínima da memória, ou seja, o meme está para a memória assim como o gene está para a genética. Em síntese, meme é uma “unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro”, definição da Wikipedia que, acredito, resume bem o seu significado.

Na blogosfera, cada meme tem sua regra. Este, por sua vez, não poderia ser diferente e é composto por três:

- Listar oito coisas que gostaria de fazer antes de morrer (ófbio [sic], como diriam alguns amigos loucos).

- Convidar oito blogueiros amigos e se certificar que eles recebam o convite.

- Informar quem te convidou para participar deste meme.

Começo, então, pelo terceiro preceito. Recebi o convite das “mãos” do blogueiro gente finíssima Massao, que se autodenomina geek e amante da fotografia. Conheci-o virtualmente no microblogging Plurk. Em meio a tantos plurkeiros frívolos (existem exceções), Massao se destaca como um cara maduro e de idéias interessantes.

Agora, sem mais delongas, vamos ao propósito deste meme:

- Até pelo momento profissional que estou passando, a primeira coisa que vem na cabeça é emplacar uma grande reportagem. Conseguir noticiar um furo e ganhar uma capa em um jornal ou revista de renome.

- A segunda coisa é indubitavelmente viajar o mundo. Tenho esse sonho de conhecer os quatro cantos deste Planeta Terra, seja percorrendo o caminho de Santiago de Compostela ou fazendo um mergulho na Indonésia; seja passeando em Roma ou engajado em um projeto social em Joannesburgo; seja descendo o rio Nilo de canoa ou surfando na Pororoca.

- Como já casei, um próximo objetivo no que tange o lado familiar é ter meus filhos. Primeiramente um menino e uma menina. Depois pensarei na possibilidade de adotar o terceiro, provavelmente outro moleque (todos corinthianos).

- Construir uma casa na praia. Não precisa ser uma mansão. Uma casa no meio do mato com sacada e vista pro mar. Um jipe na garagem.

- Criar condições para viver como profissional autônomo, cujo único vínculo empregatício seja mandar meus textos nos prazos para as diferentes editorias.

- Saltar de pára-quedas. A cada ano que passa eu fico um pouco mais cagão para essas coisas, principalmente para as que envolvem altura. Por exemplo, bungee jump eu já desisti. Anos atrás talvez teria feito. Hoje já era. Mas com relação ao skydiving, sempre penso: putz, tenho que experimentar esta sensação. Espero que não enrole até um dia não poder mais.

- Escrever um livro e plantar uma árvore. Definitivamente não desejo o triste epitáfio de meu tio Job (o maior e inigualável escritor da família) na minha lápide: “árvore ele não plantou, livro ele não escreveu, filho ele não gerou, então ele não viveu”. (Te amo Tio Job, você fez muito mais do que pensa. Deixa de ser modesto. A propósito, para quem não sabe, ele não está morto. Só escreveu um livro sobre epitáfios, cujo último da obra e acima mencionado, segundo o próprio, é autobiográfico. Vê se pode!)

- Para finalizar, assim como Massao, tenho este grande sonho de ver a Terra do espaço. Segundo o adágio popular, sonhar nunca é demais. Portanto, se tivesse a mínima chance de realizar esta fantasia, agarraria com unhas e dentes. O único problema é que não sei se voltaria em condições de levar uma vida normal.

Hora de repassar o meme para os blogueiros comparsas. Convoco, então, Homem Cinza aka de Daniel Boa Nova, o cara que está sempre fugindo da nuvem cinza que insiste em persegui-lo; João Prado, o jornalismo em forma de pessoa que passa por aqui, pelo tiroteio; Mari, a nossa correspondente espanhola e, ouso dizer, a mulher que mais entende de música no Brasil; A Besta Quadrada, aka de André Régis Neto (mais conhecido como Nuno ou Indiano), cujo blog desce redondo; Daniel Consani, um gentleman da arte de compor escritos; Urso aka de Ricardo Ortiz, um mestre na arte do caô e dos textos carregados de emoção; Gui, nosso correspondente australiano que foi tentar a vida em meio aos cangurus; e, completando a lista, a encantadora atriz Marília Miyazawa, que relata com fidelidade a dura vida de Viver de Teatro.

terça-feira, 22 de julho de 2008

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Qual parte do corpo? O pescoço ou o rabo?


Este é o ministro Gilmar Mendes, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), órgão de cúpula do Poder Judiciário responsável pela guarda da Constituição.

Sua face está estampada neste post porque acredito que o ministro esteja agindo de forma muita estranha ultimamente. Três atitudes de Mendes, todas contrárias à operação Satiagraha da Polícia Federal, tem me incomodado profundamente.

São elas:

- Ter achado abusiva a condução da PF na prisão dos picaretas Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta, afirmando ter sido desnecessário o uso de algemas, alegando que os detidos não ofereciam resistência. (Pois bem, pergunto: Qual resistência oferece um inerme ladrão de galinhas diante de armas de fogo? E afirmo: algema é coisa de ladrão, independentemente se o roubo é de guiné ou de 100 milhões)

- Ter concedido habeas corpus aos três. Por se tratar de prisões temporárias, Dantas, Nahas e Pitta ficariam no máximo 10 dias presos para que a polícia pudesse concluir suas investigações sem que os acusados atrapalhassem. (Menos mal que a PF foi contra a decisão de Gilmar Mendes no caso de Dantas e, onze horas depois dele ter sido solto, decretou novamente sua prisão. Desta vez, preventiva e por acusação de suborno)

- Após ter sido alertado por uma desembargadora de São Paulo que teria sido monitorado pela PF na mesma operação, Mendes ordenou varredura nos telefones do STF.

Diante de três atitudes no mínimo duvidosas, só posso crer que de duas uma: ou Gilmar Mendes está com o rabo preso ou está envolvido até o pescoço.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Vírus


Mova-se por um bom tempo até o sol cair e destruir a coesão entre a máscara e a verdadeira cara das pessoas. Neste momento taciturno é que eles elegem alguma parte de seus próprios corpos como o centro do universo. Vaidade niilista, vanglória pó, orgulho vão.

Por um sudeste mais ativo, podemos avistar membros mortos de uma fábrica deserta de laticínios. Vida gorda sugada da teta até que a ferida mais doída do mamilo esquerdo tenha o câncer desenvolvido, espalhado e escondido.

Existem casos em que nada como um cigarro, esfumaçando o entremeio de passos sem direção, para aliviar a falta de ar de um enfisema social. Ferida aberta e exposta ao sol; temperada com limão, pimenta e sal.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

No mundo da Lua

Numa ação sem precedentes na história da exploração espacial, em novembro a NASA mandará para a Lua mais de um milhão de nomes junto com os satélites LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) e LCROSS (Lunar Crater Observation and Sensing Satellite).

Os nomes serão colocados em um microchip instalado no satélite LRO, que será lançado pelo foguete Atlas V. A NASA abriu o cadastro no dia 1 de maio através de seu site e o prazo para mandar o nome é até o dia 27 de junho, ou seja, amanhã.

Esta será a primeira missão de exploração para o programa de retorno dos homens à Lua, em 2020. O LRO vai mapear a superfície lunar para ajudar na localização de um lugar seguro para aterrissagem, além de procurar recursos vitais para o homem.

Aficionado pelo espaço desde criança, não pude deixar de fazer o meu cadastro e homenagear um artista que, quando ainda vivo, aqui na Terra, já vivia no mundo da Lua. Veja abaixo o meu certificado e o do Mussum.


segunda-feira, 23 de junho de 2008

Profissão: Perigo

Engana-se quem pensa que falarei sobre o herói MacGyver neste post e seu indefectível canivete. Tampouco farei menção ao astuto, louco e corajoso Bear Grylls (o MacGyver da nova geração), apresentador do programa À Prova de Tudo.

A profissão perigo pela qual me refiro, por mais incrível que pareça, é o jornalismo. Elenquei sete vídeos que provam o quanto pode ser duro e embaraçoso o ofício gazeteiro. E, como cauto membro da classe, pretendo, com este post, fazer um sério alerta aos aspirantes a nossa fatídica profissão. Quer mesmo ser jornalista? Então, vai vendo:

O primeiro vídeo mostra as precárias estruturas a que somos submetidos a trabalhar. Situação que pode causar sérias dores de cabeça.



Este segundo vídeo mostra uma situação arriscadíssima. Fazer uma externa invariavelmente deixa o repórter alheio a terríveis situações de abuso e constrangimento.



Se o seu diretor te pauta para fazer uma passagem extravagante e diferenciada, desconfie. Ele pode estar armando uma grande cilada.



Nunca seja metido a besta e queira mostrar mais conhecimento do que realmente possui e, principalmente, tenha sempre cuidado onde coloca as mãos.



Uma criança não deve de forma alguma ficar perto de um repórter enquanto ele faz uma passagem. O risco, sim, é iminente.



Em terrenos excêntricos, a hostilidade pode ser involuntária. Portanto, watch your back!



Para finalizar, provo que até a interação pode ser causadora de danos e embaraços.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Só algum pequeno tiro pode lhe ter atingido

Tenho recebido coisas inusitadas pelo e-mail de remetentes que desconheço. Dessa vez foi essa tirinha, que veio acompanhada de uma frase bem carola. Tipo: "esquecemos da ajuda de alguém lá de cima e blá blá blá..."
O que eu achei curioso nessa historieta foi a semelhança do "alguém lá de cima" com o Cristo Redentor do topo do morro Corcovado. Automaticamente imaginei uma versão carioca para a tira, menos cristã e mais anedótica. Ao invés de pedras, balas perdidas.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

100 anos e grandes irmãos


Há exatos 100 anos, do porto de Kobe ao porto de Santos, navegou o Kasato Maru, primeira embarcação nipônica a aportar no Brasil carregando em seus pavimentos de bordo centenas de imigrantes.

Na ocasião, esses japoneses debandaram para terras tupiniquins em busca de melhores condições de vida, devido à pobreza e ao desemprego que assolava o Japão após o fim do feudalismo e do início da mecanização da agricultura no país.

A bordo do navio havia mais de 700 imigrantes, embora esse número hoje não represente o principal carregamento trazido pelo convés, proa, estibordo e bombordo do Kasato Maru.

A embarcação trouxe consigo, acima de tudo, o início de uma relação de trato mais próxima entre Brasil e Japão. Intimidade que evidentemente enfrentou (e ainda enfrenta) percalços pelo caminho, fator inerente a qualquer tipo de convivência. Mas que hoje, um século depois, torna-se um tanto mais forte, num mundo marcado pela globalização, por um mercado "desprovido" de fronteiras e, principalmente, pela miscigenação, vide os nossos (leia-se: do planeta) isseis, nisseis, sanseis, yonseis, mestiços e dekasseguis.

Sinto-me feliz e orgulhoso em pensar que este acontecimento centenário me trouxe verdadeiros irmãos (in)diretamente oriundos dessa curiosa terrinha. Saudação a vocês!

terça-feira, 17 de junho de 2008

O nosso cérebro é doido !!!

Recebi isto no e-mail:

De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso aocencte poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Sohw de bloa.

Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito.

35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Lenda Mapuche (IV de IV)

(Índio falando)

“Machi é aquele que recebe das divindades a missão e o poder de curar pessoas tanto no plano material quanto no psíquico e espiritual. Agora você se encontra em meu Kuimü, momento em que contato forças sobrenaturais projetando em tudo a minha volta, inclusive em você, um estado de transe”.

“Estou fazendo um pequeno Machitun, ritual de cura para te livrar desta enfermidade. O Machitun é composto de três partes: diagnóstico, expulsão e revelação sobrenatural da verdadeira causa de sua doença”.

“Esta madeira (aponta) é de uma árvore chamada Rewe. Seu tronco é cósmico e une o mundo natural ao sobrenatural. Ela pode alcançar 40 metros de altura nos bosques úmidos e produz uma flor de cor branca chamada Ngulngu ülngu ulngo. Sua casca é grossa e contém uma delgada resina”.

“No Rewe misturo três espécies de plantas: Borraja, para purificar seu sistema respiratório; Tusilago, para limpar sua garganta; e Parqui o Palqui, para agir como sudorífero e anular seu resfriado e febre”.

(Pausa)

O Machi parou de falar e colocou de lado a espátula com que espremia aquelas substâncias. Com movimentos suaves me estendeu o Rewe e disse:

- Lave sua cara. Limpe seu nariz. E coma. (Kullumtunge. Liftuaymi tami yu. In.)

Eu estava tão envolvido e intrigado com suas palavras que não conseguia esboçar reação. Meio lesado e bem devagar olhei para a pasta que ele me estendia. Era algo muito parecido com o gorfo de um cachorro que tive que comia plantas no jardim da minha mãe. Ainda lento e pasmo, estendi a mão peguei o Rewe.

Coloquei-o no colo, apanhei um punhado da pasta com a mão e analisei. Tinha cheiro de folha e cara de gorfo de folha, nada apetecível. Numa ação repentina, botei um punhado na boca e mastiguei evitando caretas. O gosto não era tão ruim, afinal tinha sabor de folha. A consistência que não era das melhores, mas mesmo assim engoli. De certa forma tinha gostado daquilo e me empolguei. Comecei a passar no rosto, nariz e pescoço ao mesmo tempo em que comia. Comi um monte até escutar:

- Eluen (Dê-me)

Entreguei o rewe e supus que já tinha usado o suficiente. Trinta segundos depois comecei a sentir uma moleza muito forte por todo o corpo. Enquanto eu bocejava e espreguiçava com a cara toda melecada, o Machi cantarolava um mantra surreal batucando em um Kultrung (Instrumento de percussão mapuche feito com madeira nativa e coro de ovelha. Em seu interior há moedas de prata e pequenas pedras coloridas, de significado mágico e afetivo para o Machi).

- Feley, Feley / Feley, Feley / Chem dungu müley, peñi? / Chew ngemeymi? ó Chew Amuymi / Tunten fali? / Chumül Wiñoaymi? / Feley, Feley / Feley, Feley / Che kulliñ nieymi tami ruka mew?

- Assim és, assim viverás / Que novidades traz, irmão? / Para onde foi? / Para onde vai?/ Quando voltará? / Assim és, assim viverás / Como são os animais de onde você vem?

Aquela canção me envolvia completamente e a moleza que sentia no corpo dava lugar a uma sensação de prazer incomensurável. Eu não conseguia parar de sorrir e passar a mão sobre mim mesmo, embevecido numa onda de percepção de sentidos.

Minha visão já não se encontrava mais no interior daquela rústica cabana e nem tão pouco o índio eu avistava. Enxergava uma profusão ininterrupta de formas e cores, que começava num fundo branco e como uma raiz trepadeira subia, dava voltas, criava cores, seguia caminhos distintos, formava caleidoscópios, cintilava, faiscava e tremeluzia.

A audição estava extremamente aguçada. Podia ouvir passos de formigas ecoando em suas ligeirinhas passadas na terra batida. Conseguia escutar o escorregar de um pingo de orvalho no alto de uma árvore até o seu choque contra o chão, fragmentando-se em dezenas de gotículas.

No tempo em que tudo isso acontecia, o Machi continuava o mantra. Até que ele parou de cantar e retomou a fala. Eu continuava sem vê-lo, mas podia ouvi-lo com tanta nitidez que tinha a capacidade de enxergar suas palavras, que entravam em harmonia com aquele baile de formas e cores em minha visão.

- Eu te conheço há muito tempo, você que agora se autodenomina Luís. Conheci-te com o nome de Awkin Kürüf (Eco do Vento) em uma de nossas vidas, em que crescemos e aprendemos muitas coisas juntos.

- Hoje você está aí, encarnado e recebendo um novo aprendizado. Vejo que você não está se saindo mal, mas tenha cuidado. O Planeta Terra ainda é limitado e muito mais perigoso do que naquela época.
- Concentre-se em seu objetivo e lembre-se de seu verdadeiro propósito cósmico. Você é como o vento. Enquanto a mim foi dada a missão de curar, a você foi atribuída a incumbência de comunicar, embora não sejamos senhores do tempo nem da razão

- Missões não tornam ninguém mais especial do que ninguém, afinal cada ser deste universo existe por razões fundamentais, até mesmo os que se perdem.

- Evite suas tentações e ponha em prática suas ideologias. Seu coração é bom, por mais que você mesmo ainda não tenha tanta certeza disso. E lembre-se: o que mantém a alma viva e em constante jornada pelo cosmo é o desejo e a força de fazer o bem. Atitudes nefastas maculam o espírito até o seu desvanecimento.

- Como prometido naquela época, continuo olhando por ti. E quando os papéis novamente se inverterem, não esqueça de velar por mim, peñi.

Lágrimas incrédulas escorreram pelo meu rosto. Aquelas palavras me levaram até a Lua, onde pude contemplar a Terra. Levaram-me até o âmago de meu corpo, na parte mais íntima de meu ego, onde pude julgar meus atos. E, por fim, levaram-me até o nada, o vazio, onde pude enxergar a importância da vida.

E no nada eu permaneci por um bom tempo... Até que...

(Voz da Hermínia)

- Tom, Tom (insiste), você está bem?

(Barulho de motor e estrada)

Meio desorientado, olho para ela e pergunto:

- Onde estamos?

“Estamos chegando”, responde.

- Chegando onde?

“Em Pucon, oras. Para onde acha que estamos indo?”

Olhei a minha volta e tive um grande Déjà Vu. Estávamos realmente no ônibus que havia nos levado até Pucón um dia antes, na mesma estrada e na mesma hora. Logo pensei: “tudo não passou de um grande sonho. Mas como pode? Que sonho fantástico”.

Estava ainda confuso e abobado quando Hermínia perguntou:

- Como você está? E a garganta?

A gripe tinha sumido e a garganta estava indene.







quarta-feira, 11 de junho de 2008

Mulher Melancia no AutoShow


Não poderia existir combinação mais perfeita para o imaginário masculino: carro e mulher. Não simplesmente carro e nem tão pouco apenas mulher. O acontecimento presenciado no AutoShow Carros Antigos e Especiais desta terça-feira, dia 10 de junho, não foi um simples encontro. Poetas diriam que foi a arte do encontro. A arte em que curvas, beleza, modelo, e (porque não!?) turbinagem ganham notória bivalência e entram em perfeita harmonia.

Felizes dos incautos que estavam a contemplar um belíssimo Belair e se encantaram com as famosas coelhinhas. Venturosos dos que procuravam um Camaro sonho de consumo e deram de cara (ou de bunda) com Andressa Soares, a Mulher Melancia.

A fusão foi tão primorosa que nunca na história de uma noite de autógrafos foi registrado tamanho entusiasmo, tanto do público, que se amotinava curioso querendo comprar sua revista com direito a assinatura, como para as protagonistas, que vendiam a rodo seu produto e de quebra distribuíam formosos sorrisos para as fotos.

Em meio a um cenário composto por belas mulheres, carros, pilhas de revistas, pôsteres e melancias fatiadas – distribuídas ao público –, o lançamento da nova capa da revista Playboy no AutoShow foi um grande sucesso que contou com participação em peso da mídia, inclusive de Oscar Filho, representando o subjetivo e engajado CQC.

Chegar até Andressa para fazer uma entrevista ou apenas pegar uma citação foi tarefa árdua, digna de um verdadeiro jornalismo gonzo. E como manda o figurino:

- Olá Melancia, o que você está achando do evento?

“Um máximo. Muito cheio, nem esperava”.

- Você gosta de carros?

“Eu gosto, adoro”.

- Muito assédio do público?

“Muito! Não sabia que ia vender tanta revista aqui”.

Bom, ela podia não saber, mas Ricardo Ortiz, organizador da feira, já sabia: “Estávamos prevendo esse sucesso, pois unimos aqui duas paixões dos brasileiros. Agora a meta é trazer a Natália do BBB 8, que é a próxima capa da Playboy”.





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* Texto originalmente publicado aqui.
* A citação do organizador da feira, Ricardo Ortiz, foi inventada pelo imprudente jornalista que vos escreve, por total intimidade com o URSO e por total falta do que falar.
* Não percam as esperanças! A parte da Natália do BBB 8 é verdade.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Lenda Mapuche (Parte III de IV)

Não tenho muita idéia de quanto tempo permaneci desacordado. A primeira coisa que percebi quando comecei a voltar do surto sincopado foi um cheiro adocicado, forte e diferente, quase desagradável. Estava deitado num lugar confortável, que em nada se parecia com o local onde havia caído desfalecido. Com dificuldade abri os olhos bem devagar. A vista estava embaçada, mas percebi que me encontrava num lugar fechado, em que a luz do sol entrava por um buraco no teto e por entre frestas no revestimento das paredes, que pareciam serem feitas de palha.

Estava coberto por uma manta de coro rústico com interior aveludado. Em cada um dos meus lados podia ouvir estalos de pequenas fogueiras queimando folhas e galhos, cuja fumaça produzia aquela estranha fragrância. Quando meus olhos finalmente se aclimataram com o ambiente de luminosidade branda, bem diante de mim, a menos de dois metros de distância, avistei um homem a me observar.

Aparentando meia idade, tinha cara arredondada, cabelos negros, lisos e compridos e pele morena. Estava vestido com poncho de capa grossa e faixa na cabeça. O olho grande e puxado me fez indagar: seria um índio mapuche?

Senti medo, muito medo e quando achei que tomaria uma atitude impensada de pânico, o homem falou:

- Chumleymi peñi?

Por um segundo titubeei, mas, confuso e sem saber exatamente como, pude entender perfeitamente aquelas palavras. Ele havia perguntado se eu estava bem e aquilo me acalmou profundamente. Ao pé da letra, Chumleymi peñi? quer dizer Como está irmão? em mapudungun. Sim, era um índio mapuche.

Eu parecia estar numa espécie de transe em que não conseguia distinguir com precisão se estava acordado ou sonhando, embora tivesse a certeza de que se aquilo ali era mesmo um sonho nunca tinha vivido um tão real. Daí que aconteceu uma das coisas mais bizarras da minha vida. Em resposta à pergunta do índio, fiz sinal com a cabeça que estava bem e de repente, num ato praticamente que involuntário, respondi em mapudungun, língua que jamais tinha ouvido quanto mais estudado.

- May, kümelen, eymikay?, disse eu. (Sim, estou bem, e você?)

Em bom mapudungun fui educado, mas ainda sentia-me péssimo, com a cabeça pesada por conta da gripe. Mesmo assim fiz um esforço para levantar e permanecer sentado. Percebi que estava realmente em transe quando descobri com quem conversava, à medida que o papo se alongava e meu mapudungun se revelava fluente.

- Iney pingeymi? (Como se chama?), perguntou o índio.

Falei que meu nome era Luís e perguntei quem era ele e o que eu estava fazendo ali, naquela cabana, e como tinha chegado até lá. Enquanto me explicava, o índio fazia num pedaço de tronco uma pasta à base de plantas e água.

- Inche Machi. (Eu sou o Machi).



















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A última parte de Lenda Mapuche será publicada nesta sexta-feira, 13 de junho. Isso mesmo, sexta-feira 13 13 13 13 13 (com eco para fazer suspense). Não Percam!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Lenda Mapuche (Parte II de IV)

Depois de uma prazerosa passagem por Santiago, fomos para Temuco, cidade que fica aproximadamente 700 quilômetros ao sul da capital. De lá, enfrentamos mais uma hora e meia de ônibus até Pucon, um vilarejo localizado aos pés do vulcão Villarica, um dos mais ativos do Planeta, e cuja formosa topografia formada por vulcões, lagos e cerras propiciam uma economia voltada ao turismo.

Logo fiquei sabendo que a região abrigava “pueblos” mapuches, condição que me deixou de certa forma extasiado. Só não contava com a abrupta recaída da inflamação em minha garganta.

Cheguei em Pucon com uma febre que batia picos de 40 graus e uma dor de garganta que literalmente impedia-me de engolir a própria saliva. Com o frio atingindo uma temperatura em torno de zero grau, o que agravava ainda mais minha situação, a primeira noite no vilarejo foi um pesadelo.

Hospedamos-nos num chalé fantástico, com vista cinematográfica de lagos e montanhas, embora nada conseguisse curtir naquele momento. A febre estava tão intensa que me causou delírios momentâneos durante a noite. Meus desvarios assustaram muito Hermínia, que, como um anjo, praticamente não dormiu cuidando de mim. Numa tentativa desesperada de me curar, de meia em meia hora ela passava um pano úmido em minha testa, rosto e nuca. Enquanto me contorcia com dores no corpo todo e suava frio, as mãos macias e umedecidas de minha esposa proporcionavam-me momentos únicos de relaxamento.

Ao alvorecer do dia, a febre ainda estava longe de ceder. Eu parecia um bagaço e Hermínia queria me levar de qualquer jeito ao primeiro hospital.

Relutei:

- “não”.

Parecendo um louco, emendei: “preciso andar, suar essa febre, subir um morro talvez”. Já estava irritado por estar num lugar tão bonito e, no entanto, impossibilitado de aproveitar.

Sem alternativas ela concordou e, então, aprontei-me, vestindo um casaco de neve, luvas e cachecol. Com aparência de morto vivo saí de casa com o sol brilhando e com uma temperatura bem mais amena que a da madrugada. Fomos até o Parque Nacional Huerquehue, em que uma caminhada alcantilada de sete quilômetros nos esperava.

Começando por uma estrada deserta, passamos por pequenas fazendas de criadores de ovelhas até chegar ao pé de um morro, em que, em ritmo de subida, caminhamos dois quilômetros ininterruptos. Alcançamos dois mirantes fantásticos, indescritíveis apenas com palavras, numa paisagem que cingia o lago de Pucón e os vulcões Villarica e Llayma.

A gripe se mantinha forte, o que me fazia suar que nem um porco. Hermínia, já cansada, queria voltar e se recusava a subir até um terceiro mirante que devia estar no máximo há 15 minutos dali, onde paramos para comer uma barra de cereal e tomar água. Também pudera, havíamos passado o dia anterior inteiro viajando e nem conseguimos descansar direito por causa de minha febre. No parque já caminhávamos há três horas sem parar e de fato as pernas já não agüentavam mais. Entretanto, sem raciocinar muito e sem saber bem porque coloquei na cabeça que, independente de qualquer coisa, tinha que ir até lá.

Hermínia resolveu ficar no segundo mirante me esperando e eu rumei em direção ao terceiro. Dei-a um beijinho carinhoso e prometi que não demoraria. Caminhei por aproximadamente vinte minutos até desembocar numa mata fechada, que nada se parecia com uma trilha. O mirante não chegava nunca e a mata ficava cada vez mais densa. Com a cabeça pesada por causa da gripe e o corpo muito dolorido, fiquei desnorteado. Tentei voltar, mas já não sabia por onde havia passado. Estava completamente perdido.

Um desespero incontrolável começou a tomar conta de meus sentidos. Iniciei uma correria sem sentido, totalmente desgovernada. Os arbustos batiam na minha cara machucando-a impiedosamente. Quanto mais corria mais desesperado ficava e uma perversa angústia sufocava meu peito. Corri, corri, corri até cair. Já sem fôlego e sem forças, tentei levantar, mas minha fraqueza era tanta que fiquei tonto e desmaiei.





quinta-feira, 5 de junho de 2008

Lenda Mapuche (Parte I de IV)

Quando embarcamos em Lua de Mel para o Chile não poderia nunca fazer idéia da grande aventura transcendental metafísica que me aguardava e, acreditem, não estou fazendo menção às peripécias afrodisíacas habituais em viagens de nubentes.

Minha festa de casamento tinha sido uma noitada daquelas, e a dor de garganta do dia seguinte anunciava o advento de uma gripe. Depois de duas doses de scotch puro para aliviar a dor de garganta (e, confesso, o medo de avião) e aproximadamente três horas e meia de vôo, chegamos a capital chilena.

A caminho do hotel, pedi para o taxista parar em uma farmácia, onde me abasteci de remédios para “dolor” de garganta. Ficamos dois dias em Santiago, em que um analgésico aliado a uma boa pastilha conseguiram manter-me, pelo menos por ora, com a goela incólume.

Por lá não paramos um segundo. Ficamos alojados no hospitaleiro e charmoso bairro Providencia e visitamos diversos pontos turísticos, como a Plaza de las Armas, o Palácio La Moneda, a casa de Neruda, o Mercado Central, os cerros San Cristóbal e Santa Lucia entre outros pontos turísticos.

Durante nossas pernadas pela bela capital, a todo instante avistando a colossal Cordilheira dos Andes, parávamos nas mais variadas e extravagantes feirinhas, devido a um vício incontrolável de minha esposa por artesanatos.

Enquanto ela se encantava a cada barraquinha e gastava um punhado de nossos pesos chilenos, eu sentia uma estranha atração pela cultura Mapuche, dos livros que contavam suas histórias aos artesanatos e camisetas.

Para quem não conhece, os mapuches são indígenas que habitam vales nas encostas de grandiosos vulcões na região central e sulista do Chile. Sua economia é baseada na agricultura e sua fama de nunca ter se curvado aos colonizadores espanhóis ultrapassam a fina e montanhosa fronteira do país.

Entretanto, uma característica em especial os torna ainda mais interessantes. A palavra mapuche significa “gente de la tierra” na língua origem de seu povo, o mapudungun (que, por sua vez, quer dizer linguagem da terra). Sua denominação reflete a sintonia dos mapuches com o planeta, seu conhecimento sobre o solo, as árvores, plantas e pedras. Em paralelo a isso, dominam a magia e a manipulação de plantas medicinais, algo que, mais tarde e por mais incrível que pareça, experimentaria in cutis.








segunda-feira, 2 de junho de 2008

Jornalista Terráqueo recomenda

Para quem ainda não foi assistir ao espetáculo Novos Velhos Dias, recomendo eloquentemente. Com texto de Reinaldo Maia e direção de Fernando Nitsch, a comédia conta uma história futurista muito engraçada e envolvente.

Fato digno de nota é a atuação brilhante da minha grande irmã e fantástica atriz Marília Miyazawa, que logo na primeira cena, em que interpreta uma robô, canta o medley Somewhere over the rainbow / What a wonderful world, atando na garganta um nó irremediável às lágrimas deste emocionado blogueiro que vos escreve.

Sem falar na cena, não menos emocionante, em que a estonteante e exuberante robô faz com que corações pulsem vigorosamente e queixos marmanjos atinjam a lona ao protagonizar um striptease. É de arrepiar!

Em tempo: ontem, assistindo à terrificante TV dominical pós Fantástico, para minha grande surpresa e satisfação, vejo o nosso querido amigo Fábio Lago participando full-time do seriado global Faça Sua História , ao lado do protagonista Vladimir Brichta. Muito engraçado Fabinho, sensacional. No detalhe:

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A arte de copiar


A atração mais badalada da última noite de terça-feira no sambódromo de São Paulo deixava uma dúvida no ar entre os visitantes da feira: imitação ou genuinidade? Em meio à perguntas interessantes e comentários benevolentes, afirmações austeras e descuidadas: “isso é réplica, nem tira foto”.

Amarela, repleta de fibras de carbono e símbolo taurino, a réplica do Lamborghini Diablo 2001 VT atraiu e confundiu centenas de curiosos, que se impressionaram com a aparência verossímil do carro.

Seu dono, idealizador e construtor, Marcelo Marinelli (38), orgulhoso, testifica: “Queria construir uma coisa perfeita, que fosse o mais próximo possível do original”.

E conseguiu. Em 2004, quando pela primeira vez pensou na possibilidade de montar a réplica, Marinelli não imaginava que seu projeto ganharia tamanha notoriedade e mudaria de uma vez por toda sua vida.

Começou efetivamente a construção do carro no ano de 2006 e havia planejado 1 ano para sua conclusão. Montou uma oficina, contratou um especialista com trinta anos de experiência em fibra de carbono, outro especialista em montagem e pintura e mandou buscar de fora a carroceria, que, segundo ele, veio totalmente fora das especificações e foi corrigida na própria mecânica.

A cópia ficou pronta em 15 meses. “Demoramos 10 para montar o carro e mais 5 para os testes e ajustes. Tivemos problemas de embreagem e de eixo homocinético, que a gente acabou resolvendo nos últimos meses”.

Com o carro pronto, Marinelli passou a frequentar grupos de fabricantes de réplicas e fóruns de discussão sobre o assunto e, para sua surpresa, seu Lamborghini foi eleito na Califórnia a réplica mais perfeita do mundo do modelo Diablo 2001 VT.

Resultado, Marinelli largou a então profissão de economista e trocou o mercado financeiro pela oficina e por sua paixão por carros. Hoje exporta peças de carbono, feitas sob medida, para diversos lugares do mundo, como EUA, Europa, Canadá e Arábia Saudita, além de já estar planejando a construção de novas réplicas. “O Hobby virou profissão”, afirma feliz e com um sorriso farto.

Por meio de sua réplica, Marinelli construiu um exemplo mais do que legítimo. E diante da arrogância de incautos que menosprezam essa vertente automotiva, fica a pergunta: quem disse que copiar não é arte?

O mais interessante do mercado de réplicas é esse curioso antagonismo alicerçado em sua condição: ser diferenciado é ser o mínimo possível diferente.
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*Texto originalmente publicado aqui.
* Urso que é urso discursa com pulso mesmo sem curso. Valeu irmão, oh Rei CAÔ! Ali no AutoShow você é o cara.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Para passar de fase no jogo entre passado e futuro, só descobrindo o presente

A vida é boa e impreterivelmente feita de fases. Já fui menino num período lúdico e despreocupado; adolescente no melhor estilo rebelde, experimentador, bobo e feio; jovem estudante mais interessado em mudar o mundo com ideologias pessoais através da música do que com o estudo propriamente dito.

Como quem ruma em direção a uma nova porta, com plaqueta precisamente localizada em seu pináculo e descrita como F-U-T-U-R-O, encerro mais uma fase nesta oxidável vida.

Sim, hoje sou um homem casado. Numa sociedade extremamente egoísta e cada vez mais carente de rituais, minha última saga sacramental, até pelas condições, pode ter representado uma marcha ousada e intrépida, mas não passou de atitude movida por volúpia, por ímpeto visceral, ou seja, nada muito pensado ou estruturado. Se pudesse rotular esta passagem, a descreveria como um verdadeiro e espontâneo orgasmo vital.

Não que não esteja feliz com a nova condição, muito pelo contrário. Talvez nunca tenha me sentido tão afortunado. Sinto-me bem: novo sex appeal, novo libido, novos desafios. O que pega um pouco é o desapego ao passado e às fases despreocupadas; o afrontamento às novas, sérias e severas responsabilidades.

Entretanto, nada que não consiga passar por cima. Mas como se ainda pudesse ouvir o rangido estridente do passado se fechando até o estalo do seu choque contra o batente, ensaio os primeiros e tímidos passos através do pórtico vindouro.

O futuro... Por mais que a astrologia e as culturas esotéricas em geral tentem decifrar suas facetas, ele é um estranho que dificilmente mostra sua cara. E como qualquer desconhecido, provoca medo.

Divagando, projeto o futuro como um cão feroz bem no meu caminho, obrigando-me a todo instante conter o odor de receio que insiste em sair pelos meus poros. Tentativa frustrada em meio a uma imagem tão pavorosa: pardo, tipo pitbull, musculoso, dentes afiados, baba escorrida e focinho apontado para o alto, tentando captar a mais leve fragrância. Instantaneamente exalo de meu corpo uma “fumacinha” com cheiro de medo, invisível e inexorável.

O futuro me olha nos olhos, e eu não desvio o olhar. Com as mãos abaixadas, próximas à cintura, aperto rigidamente os punhos e continuo andando. Meu cheiro, que a essa altura já passeia volumosamente por suas vias nasais, o coloca em alerta. De orelha em pé, não late, apenas rosna bem baixinho com minha aproximação. Subterfúgios passam inertes pela minha mente. Paro de encará-lo e miro meu caminho, andando e enfrento meu medo. Impassível, passo pelo futuro sem olhar para trás e sem me importar tanto com o rottweiler que acabo de avistar na próxima esquina.

Na mente ouço a voz de Raul Seixas com entonação americana artificiosa como a de um cantor de blues tupiniquim: “It’s the begging, the end and the middle, my friend”. E a frase, para mim, traz sentido peculiar: compreendo a existência de um novo começo; a até então irrelevância do fim, que se traduz em morte; e o meio, como grande protagonista nesta passagem pela Terra, simbolizando o presente, a necessidade de encontrar um meio para tudo todos os dias da minha vida.


sexta-feira, 25 de abril de 2008

Foi bonita a festa, pá


Enquanto o povo brasileiro ainda tentava digerir toda a censura e repressão dos “anos de chumbo” do governo Médici e transitava para um processo lento rumo à democracia com a chegada do general Ernesto Geisel à presidência do Brasil, do outro lado do Atlântico acontecia um episódio revolucionário que traria liberdade a Portugal e de quebra inspiraria o maior gênio da música popular brasileira.

No dia 25 de abril de 1974, há exatos 34 anos, a Revolução dos Cravos colocava fim ao regime autoritário de orientação fascista que ditava as regras em terras lusitanas. A deposição do então presidente Marcello Caetano representou a queda do Estado Novo, sistema político modelado pelo déspota António de Oliveira Salazar.

Por meio de uma ação orquestrada, entre a noite do dia 24 e a madrugada do dia 25, vários regimentos militares colaboraram com o golpe.

Ao amanhecer, com os fatos consumados, pessoas começavam a ir às ruas em meio a soldados fatigados e ainda sublevados. Reza a lenda que uma florista que levava cravos para a inauguração de um hotel foi abordada por um soldado que pediu uma flor para colocar no cabo de sua espingarda. Achando aquele ato bonito e simbólico, a florista passou a distribuir todos os seus ramos avermelhados, fazendo com que dezenas de soldados enfeitassem suas armas, dando origem ao nome como ficou conhecida a revolução do dia 25 de abril em Portugal.


Do lado de cá, em 1975, Chico Buarque gravava a primeira versão da genial canção Tanto Mar, música vetada pela censura e inspirada pela Revolução dos Cravos. Criada em ritmo de fado, Tanto Mar, matreira e perspicaz, elogiava a atitude portuguesa como quem dissesse (in)diretamente: está na hora de fazermos o mesmo por aqui.

A versão oficial só ficaria pronta três anos depois, em 1978.






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25 de abril é também o dia do aniversário da minha queridíssima irmã mais nova, Sil. Parabéns Lourdinha, te amo.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Terremoto?

Inagaki publicou em seu blog pérolas instântaneas criadas pelos usuários do twitter sobre o terremoto de ontem. A que mais condiz comigo: "quando sai em dvd? Eu perdi". :-/

terça-feira, 22 de abril de 2008

Na briga política, desespero gera demagogia


A briga pelo sonhado poder parece não ter regras quando a campanha vai mal e bate o desespero ao senti-lo escorrer pelas mãos. Na disputa política, o desânimo e o sentimento de incapacidade podem trazer à tona uma - ainda então ocultada - natureza tirânica.

À beira da primária na Pensilvânia, que pode ser decisiva e acontece hoje à noite, e indo de mal a pior nas pesquisas, a senadora Hillary Clinton afirmou em entrevista ao Good Morning America que, se vencer as eleições e se tornar presidente, atacará o Irã, com a finalidade de deter um possível ataque nuclear do país no Iraque.

Entre pensamentos nefastos em prol de um ambicioso apoio popular, a mulher do ex-presidente Bill Clinton disparou:

"Nos próximos 10 anos, durante os quais eles podem considerar o lançamento de um ataque a Israel, nós seriamos capazes de totalmente obliterá-los".

"Isso é uma coisa terrível a dizer, mas aquelas pessoas que dirigem o Irã precisam entender isso porque talvez os detenha de fazer algo que seria irresponsável, bobo e trágico".

O que a pré-candidata não entendeu ou talvez não tenha percebido devido ao anseio veemente de se tornar presidente é que o seu discurso foi igualmente irresponsável, bobo e trágico.

Barack Obama, mais contido e em sã consciência munida pela vantagem nas pesquisas e no número de delegados, declarou que palavras como obliterar e atitudes como essa não produzem efetivamente bons resultados. “Eu não estou tão interessado em atitudes militaristas”, concluiu.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

terça-feira, 15 de abril de 2008

Adeus ao gigante baixinho

Romário, enfim, aposentou. Estava mais do que na hora (opinião inequívoca e unânime, acredito). Vai deixar saudade. Muita saudade!

O baixinho ocupou a grande área como poucos. Sou fã incondicional do jogador, afinal ele foi o maior craque que eu já vi jogar. Já, inclusive, escrevi um artigo exatamente sobre esse assunto, originalmente publicado no PontoJor.

Agora, fatos como esse, da aposentadoria de um grande jogador, geram, inevitavelmente, comparações. Hoje pela manhã escutei no rádio um curioso cotejo. O jornalista, cujo qual no momento não consegui identificar (acho que era o Mauro Beting), simulou a seguinte situação: você é o técnico. 40 minutos do segundo tempo e seu time precisa de qualquer forma fazer um gol. Você já mudou o time e só lhe resta uma substituição. Olha para o banco e tem de um lado Romário e do outro Ronaldo (condição absurdamente hipotética). Quem você colocaria?







Fica aí a enquete.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Monetização Bloguetária

Matéria veicula neste mês na revista Info fala da Profissão Blogueiro, citando três (bons) exemplos de blogueiros que trocaram seus holerites pelos posts, dando dicas para seguir esse caminho e relacionando 5 mandamentos do blogueiro.

Entre os profissionais da blogosfera citados na matéria estão Carlos Cardoso, Igor Pucci e o grande guru da área Edney Souza.

Cardoso, 39 anos, largou o emprego de analista de sistemas sênior para se dedicar à atividade. Mudou-se para uma cidade pequena do interior de São Paulo onde alimenta, entre outros blogs, o Contraditorium, que tem como tema principal, vejam só, blogs. Segundo o mesmo, seu salário hoje é equivalente ao que ganhava como analista de sistemas.

Igor Pucci, cientista da computação de 24 anos, deu vida ao Pérolas do Orkut com uma mania comum entre viciados no compartilhador: xeretar perfis alheios. Conforme a revista Info, Pucci se inspirou no site americano Hot or Not e consegue, com o seu blog, média de 25 a 30 mil visitas mensais.

Já Edney Souza, o único dos três que eu realmente conhecia antes de ler a matéria (já, inclusive, troquei e-mails com ele), para mim é o grande nome da área. Também ex-analista de sistemas, vive de blog desde 2005, graças ao seu Interney. No início do ano passado, ele criou o Interney Blogs, um coletivo que reúne 40 renomados autores da blogosfera brasileira, e atrai mais de 1,7 milhão de visitas (3,5 milhões de page views) nos meses de melhor audiência. A fórmula que Edney encontrou para ganhar dinheiro foi através de programas de afiliados, como MercadoLivre, JáCotei e BuscaPé, além do Google Adsense, do HotWords e de publicidade direta. No começo deste ano, Edney criou também o Blog Content, consultoria de mídias sociais especializada em blogs. Por essas e outras que o apelidei de Guru da Blogosfera Brasileira.

Entre outras coisas, a matéria da Info fala da importância de conhecer alguns mecanismos da blogosfera como o SEO (Search Engine Optimization), conjunto de técnicas para melhorar o posicionamento de um site nos resultados de busca.

Para finalizar, publico aqui os 5 mandamentos do blogueiro, segundo a resvista:

1- Focar num tema específico de seu domínio
2- Aprender e colocar em prática técnicas de SEO
3- Ser um leitor e comentador assíduo de outros blogs
4- Postar diariamente
5- Ter um bom RSS

*****

P.S. 1: Caso queira dar um upgrade no seu blog, sugiro uma visita imediata ao Interney. Lá você encontra diversas resenhas de como aprimorar o seu blog.

P.S. 2: Visitando o Pérolas do Orkut, olha o que eu encontro. É possível?


P.S. 3: Melhor do que a foto e o "erbegue" foi o comentário do internauta Naruto Amazonas: “se peito fosse cérebro, ela seria um gênio


Data magna municipal de Cubatão

Hoje, dia 09 de abril, Cubatão comemora os 59 anos de sua emancipação municipal, com hasteamento de bandeiras, desfile cívico-militar, missa, sessão solene na Câmara Municipal e espetáculo com o Grupo Calcinha Preta, ou seja, tudo e um pouco mais que a pompa de um aniversário de cidade e sua exibição de magnificência merecem.

Todo esse entusiasmo é "justificado" pelo otimismo quanto à nova fase de crescimento do município: a construção de uma nova unidade na Refinaria Presidente Bernardes e a previsão de ampliação da Companhia Siderúrgica Paulista (vulgo COSIPA), com a construção de uma nova usina siderúrgica.



Legal, né? Mas não se preocupem. Além disso, a administração municipal e seus parceiros vêm desenvolvendo os programas preconizados na Agenda 21 – Cubatão 2020, com especial atenção para as questões ambientais e a recuperação de áreas degradadas nas encostas da Serra do Mar, criando condições para que o município pleiteie a natureza de estância turística, o que representará novas oportunidades de geração de empregos e renda para os munícipes.

Nessa hora posso parecer sarcástico, mas, mais uma vez, desculpe-me seus inócuos cidadãos: isso é Brasil; isso é Cú-batão.

terça-feira, 8 de abril de 2008

...

Estupefato, entorpecido, atônito, pasmado
Assombrado, espantado, admirado, confuso
Surpreendido, apalermado, inexpressivo
Torpor, dormência, indolência, inércia

Boquiaberto, admirado, perplexo, hesitante
Vacilante, titubeante, cambaleante, trêmulo
Oscilante, precário, incerto
Dúvida, hipótese, improbabilidade, indecisão

Muita coisa no mundo acontece, muito tenho pra falar.

Não sei o que postar!

terça-feira, 1 de abril de 2008

1˚ de abril na web - 3 embustes famosos e ardilosos

Mentir no primeiro dia de abril virou uma tradição quase que global. Países dos quatro cantos do mundo já adotaram o costume de pregar peças nessa dissimulada data. O Dia da Mentira, como é conhecido no Brasil, ganhou versões nos mais variados idiomas, como o April Fool’s Day ou Dia dos Tolos na língua inglesa e Pesce D’aprile e Poisson D’avril nos respectivos italiano e francês, que significa peixe de abril.

Existem várias versões para o surgimento deste hábito, mas a mais conhecida data do século XVI, na França. Na ocasião, zombeteiros de plantão caçoavam de algumas pessoas que resistiam à adoção do calendário gregoriano - que alterava o início do ano novo de 1˚ de abril para 1˚ de janeiro -, enviando-os, no “Dia da Mentira”, presentes extravagantes e convites para festas inexistentes, brincadeiras que ficaram conhecidas como plaisanteries (gozações em francês).

Na internet, o 1˚ de abril ganhou força talvez ainda maior e famosas traquinagens já foram realizadas. Elenco aqui duas que mexeram com as páginas da web e uma que está acontecendo hoje.

- em 2005 o Google anunciou a linha de bebidas Google Gulp, que prometia maximizar a eficiência de navegação dos internautas, deixando-os mais inteligentes. Além disso, a bebida, que vinha em quatro sabores (Beta Carroty, Glutamate Grape, Sugar-Free Radical e Sero-Tonic Water), chegaria ao mercado em versão beta e uma edição limitada contaria com um componente auto drink.


- outra que ficou conhecida foi a pegadinha do PodShave, um produto que unia o IPod a um aparelho de barbear, tornando a tarefa de extrair pêlos mais agradável. A empresa que aplicou o trote anunciou também a versão feminina do acessório: o PodShaveLady, em rosa.


- este ano, os usuários do Orkut se surpreendem ao depararem com o logo “Yogurt” substituindo o nome da rede social. Se você ler este texto em tempo, confira.